domingo, 29 de maio de 2011

Varanasi


Estamos  no autocarro em direcção a... esqueci-me do nome. Começa com “s” e acho que é a última cidade antes do Nepal. Como sempre, os únicos estrangeiros neste autocarro sem ar condicionado. Mas não me faz grande diferença. A Sofia estava a sofrer um bocadito mas agora já está mais fresco, acho. Um gajo transpira bastante, a t-shirt até fica tesa quando seca (e a Sofia tem uma capacidade incrível de gerar sal, ficando umas marcas brancas redondas super bacanas nas t-shirts) mas ‘tá-se bem. Custa-me mais o calor em casa do que na rua. O que é curioso, porque é exactamente o mesmo em relação ao frio. Adoro o frio mas detesto sentir frio em casa.
               
Varanasi foi uma experiência brutal. Apanhámos o autocarro em Lucknow, que nos custou 190 rupios (2,85€) e chegámos a Varanasi já à noite. Recorri a um método que uso com alguma frequência. Temos o número do couchsurfer que nos aceitou, metemo-nos no autocarro e lá peço o telemóvel a alguém para telefonar ao futuro anfitrião. Já devo ter usado o telemóvel p’rai de  trinta pessoas nesta viagem. O Tarun, com quem íamos ficar, disse para nos metermos numa rickshaw para a morada que nos tinha dado. Contudo, tal como com os nossos anteriores anfitriões, era danado encontrar a morada do moço. Voltas e mais voltas lá fomos ter a uma estação de gasolina que era pertito. O condutor pediu outra vez o número do Tarun e ligou-lhe a pedir para nos vir buscar. Assim foi.
               
O Tarun é um advogado dos seus trinta e cinco anos, magérrimo com um bigode tipicamente indiano. Um gajo muito calmo para connosco, e igualmente reservado. Acho que era advogado de defesa, defendendo pessoas que eram acusadas injustamente de agressões e cenas afim. Disse-me que violação dá direito a pena de morte na Índia. Eu sou contra a pena de morte seja em que caso for, mas ao mesmo tempo, falando de violação, ou muito me engano ou em Portugal dá direito a uns anitos, seis a oito? É assim? Se alguém ler e tiver uma informação mais exacta que o partilhe, por favor, nos comentários. Depois há as sentenças b, claro, que são alguns anos a viver em casinha no bem bom enquanto a justiça portuguesa persegue o seu próprio rabo.

O quarto que tinha para nós não podia participar num daqueles anúncios televisivos da Ajax ou muito menos da Moviflor. A Sofia não estava muito impressionada com as condições, mas ‘tava-se bem. Ora veja-se, para mim basta ter tecto. Nem é preciso ter cama no verdadeiro sentido da palavra. E mesmo ter as quatro paredes não é fundamental. A nivel de condições, o mais importanta para mim quando em couchsurfing (numa viagem deste tipo) é ter wireless, depois ter tecto e finalmente ter cama. De resto que se lixe, um gajo arranja-se. E o gajo tinha internet, por isso bem bom!
               
Apareceu lá no quarto com um radiozinho que sintonizou numa estação de música indiana (não sei se daria para escapar, desde que entrei na Turquia que dificilmente consigo ouvir música ocidental) e três chás. Achei piada ao rádiozito. Achei enternecedor, mas creio estar a ser condescendente, porque dá-me vontade de dizer algo como “coitadinho” e não curto nada. Eu ia metendo as minhas pergntinhas aqui e ali, oleando a máquina da conversa, e estivemos um bocado no paleio, até que ele foi dormir. O rapaz, como os anfitriões anteriores (tirando o Gautam, que não acredito ser um terço do hindu que diz que é – lol que frase estranha), o Tarun era religioso. Já o disse, mas o hindiusmo é uma religião bué de marada! Incrível mesmo. Não sei quantos deuses, encarnações dos mesmos em vários animais resultando num mix de humano e animal; deuses que cortam as cabeças aos seus filhos e as substituem por cabeças de elefante, etc. Comentávamos que quem criou o hinduismo devia estar com uma moca de todo o tamanho. A sério. Mas pensando bem,é só porque estamos habituados à “nossa” religião aborrecida. Um deus, só? Isso é p’ra meninos! Falando mais a sério, tentei pôr-me na pele de um hindu e chegar assim meio de paraquedas ao Vaticano.
               
“Que cena estranha! Os gajos só têm um deus! Um deus para tudo? Para a criação, a destruição, a sustentabilidade, a morte, a VIDA... só um, como é que um deus é encarregue disso tudo? E tem um padre que é o chefe dos outros todos? Esse deus falará com ele? Que estranho... hei méne como ele se veste (diz o gajo a ver as fotos do papa), hei méne que riqueza (diz o gajo a entrar na Basílica de São Pedro, ou em tantas outras igrejas, basílicas, capelas)!!! Os gajos não vendem isto tudo e dão o dinheiro a quem precisa porquê? Tanta riqueza!... E o padre chefe anda em tourné aí pelo mundo num carro com vidro à volta para não o matarem?! Que estranho! E em alguns países o povo tem de pagar para ver o gajo a passar no seu carro de vidro! Que estranho... E as mulheres vestem-se de preto anos a fio quando o seu marido morre... que depressão, que estranho...”.
               
Perspectivas. Daí valer sempre a pena tentar-mos por-nos na pele dos outros antes de criticar os seus afazeres.
               
Na manhã seguinte acordei com uma granda tripe. Alguém na casa andava aos berros com uma mulher, que eu achava ser empregada mas que era a mãe do Tarun. Mas uma cena do caraças, berros e mais berros. Durante os próximos dias eu convenci-me que tinha sido o pai do Tarun, mas acho que só me convenci disso porque não queria ver o Tarun com essa luz, então menti-me. Mas acho que era ele. Estranho. E essa mulher, a mãe dele, não ganhava o prémio de Miss Simpatia no Miss Índia, nem quando era mais novita. Estou a queixar-me muito, se calhar, mas foi uma experiência porreira ter ficado em casa do Tarun, que se esforçou para que tivessemos tudo o que precisávamos. Acabada a tripe um gajo voltou a dormir e acordámos lá p’ras onze. O Tarun levou-nos na sua mota até à primeira ghat de quem sobe o Ganges. Bem, andar na sua mota, eu, ele e a Sofia (sim, três, mas isso é o pão nosso de cada hora por estes lados, e quatro pessoas em cada mota é o pão nosso de cada dia), foi uma experiência única. Que loucura! Dessa vez até foi levezinho, mas no dia seguinte, xauzinho, vi a morte a piscar-me o olho tantas vezes que pensavs que se estava a fazer a mim. Claro que, de certa forma, é tudo controlado, e estes indianos têm o seu instinto condutor ao máximo e nunca acontecesse nada. Ainda assim foi radical, bastante radical.
               
Ficámos na Asim Ghat. Ghat são os degraus à beira-rio onde o pessoal se banha. Há dezenas de ghats em Varanasi, sendo duas delas onde se cremam os corpos. O pessoal vem de toda a Índia para se banhar no Ganges em Varanasi, esperando assim livrar-se dos seus pecados. O pessoal de Varanasi e arredores tem o previlégio de ser cremado nesta cidade e ter as suas cinzas espalhadas na água. Seis tipos de pessoas não são cremados – crianças com menos de dez anos; pessoas religiosas, como gurus, por exemplo; grávidas; pessoas que morreram com lepra; pessoas que morreram com varíola (small pox, não sei se esta é a tradução correcta) e não me recordo do sexto grupo. Isto porque estas pessoas já estão puras quando morrem, não precisam de lavar os seus pecados.
               
Quem nos explicou isto foi o Sonu, que conhecemos na Ghat de cremação mais pequena. O Sonu, que não nos queria vender nada e não ia forçar nada, mas não desistiu até que nos viu na sua loja...
               
Caminhar pelas ghats, subindo o rio, é belo. Há uma calma no ar nada característica do resto da cidade, casas e templos coloridos, malta a nadar no rio, a rir-se, putos a brincar. Do outro lado do rio vê-se uma praia fluvial a perder de vista, com manadas de vacas de um lado e um ou outro puto a comandar o grupo.
               
Fomos indo com calma, e vimos o fim de uma cremação. Ao seu lado um corpo envolto em seda laranja. Foi aí que conehcemos o Sonu, que nos disse também que um corpo para arder precisa de 360kg de madeira, e que 1kg de madeira custa 250 rupios (3,75€). Acho difícil de crer, mas foi o que ele disse. Pois estivemos lá à conversa com o Sonu e até que fomos almoçar, num restaurante que o gajo recomendou. Desde o início que o gajo dizia que nãoi era vendedor e não sei quê e a perguntar se não queríamos ir ver a fábrica dele, para ver como as coisas são mesmo feitas. Eu ia dizendo que não e ele dizia que não nos queria forçar. Disse-o um sem número de vezes. Depois do jantar, como tinah dito que faria, veio ter connosco.  Bem o gajo tanto persistiu que acabámos por ir. Era já ali e não sei quê. A Sofia comprou dois lenços compridos muito fixes de seda, 2,5€ cada um. Até foi na boa. Foi interessante ver os gajos a fazerem a seda e depois conversar com o pai dele, que foi quem fez a venda.
               
Durante a tarde continuamos pelas ghats e às sete vimos a cerimónia na ghat principal, que dura ais ou menos uma hora e acontece todos os dias. Uma cena interessante, mas que acaba por ser um bocado extensa. O Tarun encontrou-se connosco no final, levou-nos a um restaurante, e depois fomos para casa.
               
No dia seguinte tínhamos planeado acordar às cinco da manhã, para apanhar um barco no Ganges com o sol a nascer. Assim o fizemos. Como tinha acontecido quando fomos ver o Taj Mahal, perdemos o nascer do sol propriamente dito, mas isso não fez com que não tivesse sido uma experiência excelente. Pagámos 100 rupios (1,5€) cada um para andarmos cerca de hora e meia. Havia aquela neblina matinal no ar, o sol não castigava a pele em demasia, por isso fluimos com calma e naturalidade pelo Ganges acima. A meio comprámos um pratinho de papel com quatro ou cinco flores de lotus, uma vela no meio e daquela tinta vermelha com que se faz uma pinta na testa, por 10 rupios. “Para bom carma”, dizia o gajo. Faz-me rir e acho ridículo que se pague para ter bom carma. Então porque comprei a cena, é justo perguntar... sei lá, pareceu-me giro ver as flores a desaparecer com o passar das águas supostamente sagradas.
               
Quando o barco nos deixou fomos tomar café e comer umas cenitas enquanto esperávamos o Tauran. O gajo foi impecável, sempre connosco p’ra trás e p’rá frente na sua mota. Apesar ter ficado com marcas indeléveis daquelas viagens terríveis que nem o tempo curará, apreciei bastante o seu esforço. ‘Tou no gozo – se calhar daqui a quinze anos já passou... já não penso naquela buzina a massacrar-me os ouvidos e richshaws a passar tão pertinho que quase dava para saber a marca de tabaco que o condutor fumava só de lhe cheirar o bafo.
               
O Tarun deixou-nos em Sarnat, onde íamos ver as ruínas de onde o Buda deu as suas primeiras palestras. Partimo-nos a rir p’rai por cinco minutos quando, a dada altura, achámos que “se calhar almoçávamos já”, apenas para perceber que ainda eram nove e pico. Acordar às cinco da manhã dá nisto.
               
As ruínas não foram nada de especial. Posto isto, almoçámos e demos umas voltas por lá. Fomos visitar um templo Jain, onde tive a oportunidade de entrevistar um bocadinho um practicante. Só um bocadinho porque o gajo não se safava muito com o inglês. A dada altura pensei que as religiões orientais tinham muito em comum, como o carma, o amor ao próximo, etc. Mas depois pensei que, na verdade, qualquer religião contempla o amor como pedra basilar. Mas depois entra o Homem e fode tudo. Às vezes até é o pessoal mais religioso que é pior pessoa, em Portugal, mas julgador, mais castigador, talvez, no fundo, por ser alguém mais castigado...
               
À tarde andámos pelas ghats. Íamos descansando aqui e ali. Fomos caminhando rio acima, até que chegámos à ghat principal de cremação. Foi uma cena do outro mundo. Surreal mesmo. Tinha umas quatro cremações a decorrer. Tem como que uma bancadazinha onde os familiares se podem sentar a observar, e os funerais decorrem mais abaixo, perto do rio. Assistir a um funeral, que conceito estranho. Íamo-nos sentar para lá quando alguém veio ter connosco e pôs-se a falar p’rai dez minutos sobre um hospital que precisava de doações e não sei quê, e quando dissemos que não íamos dar nada, disse que não podíamos ficar ali. Sentamo-nos então mais atrás, num sítio de onde dava para ver na mesma e mesmo ao pé de uma cena que achei incrível. Isto é, eu pensava que estava num filme. Tudo aquilo era tão estranho e diferente para mim, que senti-me como se nunca tivesse saído de Portugal e de repente tivesse aterrado noutro planeta. Mesmo ao nosso lado meteram um corpo embrulhado em seda laranja num barquinho, remaram até ao meio do Ganges, e largaram o corpo. E os familiares na costa, a ver. Uma cena mesmo incrível, digo outra vez.
               
O Sonu, o gajo a quem comprámos a seda, tinha dito que as mulheres não podiam ir aos funerais, porque choravam muito, e este choro podia fazer com que a pessoa tivesse pena e não quisesse partir, voltando a reencarnar. É que o verdadeiro objectivo não é reencarnar em alguém numa boa posição, mas deixar de reencarnar de todo, alcançando o nirvana, libertação total.
Agora pensem nisto... aqui a mulher não pode ir a um funeral porque chora muito. Em Portugal, dantes, pagava-se a mulheres para irem para os funerais chorar! Incríveis estas diferenças...

Depois disto, mais nada. Richskaw, casa, net, dormir.

Estamos agora no autocarro. Devemos chegar a Sunali à meia-noite. Vamos lá passar a noite e amanhã vamos para Pokhara, no Nepal.

19h36-s-28-5-11
Algures entre Varanasi e Sulani, Índia

terça-feira, 24 de maio de 2011

Lucknow


Sábado almoçámos lá em casa com o Gautam, o nosso anfitrião, a sua namorada Dori e um casal de amigos de origem indiana, mas que tinham crescido na Suiça. Acho que namoravam ou algo parecido, mas tinham-se conhecido na Índia. Pareceu-me ser pessoal de pasta, tal como o Gautam, mas apesar disso eram porreiros. Achei piada quando o rapaz, o Raol, de 32 anos disse que que Connaught Place (onde pensámos ir beber uns copos mais tarde) era um bom sítio para “pessoas como nós”. Não o disse com arrogância nem nada, mas achei engraçado, e até repeti, com um sorriso “pessoas como nós?”.
               
Estivemos à mesa um bom pedaço e comemos bem. O Bhadur, cozinheiro do Gautam, é um bom profissional. É nepalês, brahmin de alta casta. Como tal não faz trabalhos mais baixos, como lavar o chão. Lava a roupa e chega. Não sei muito acerca do assunto, ou dos brahmins, mas parece-meio estúpido. E sinto-me livre em dizer isto porque acho que, se às vezes critico alguns aspectos do “nosso” mundo, como, lá está, a maneira como as classes sociais estão divididas e também como algumas pessoas se acham acima das outra só porque descendem deste ou daquele, não o deixo de fazer só porque acontece lá longe. E assim é, às vezes. Vai em extremos. Às vezes só criticamos as outras culturas e achamos que a nossa é o máximo. Outras vezes criticamos algo na nossa mas quando o mesmo se passa em outras mantemos o bico calado porque temos medo de que achem que estamos a ser intolerantes.
               
Os amigos do Gautam, o Raol e a Sabrina eram porreiros. Comecei a reparar nesse dia que o Gautam tinha um bocado a mania que sabia tudo. Do tipo de pessoa que, ou sorri, ou aguenta um sorriso meio irónico quando um gajo falava. Somos completamente diferentes, e senti que ele não me levava muito a sério, sendo que eu ia contra o que ele dizia. De facto, no dia seguinte, no domingo, quando chegámos a casa, lá p’rás onze, ele apareceu e tivemos uma conversa p’rai de uma hora em que a dada altura ele disse “tu discordas com tudo”. É verdade que já é a segunda vez que me dizem isto nesta viagem, e também é verdade que muitas vezes faço o papel de advogado do diabo, mas também senti, e assim o disse, que o gajo não estava habituado a que discordassem com ele. Foi tudo na boa, um debate, digamos, não uma discussão. Dizia que eu não sabia nada da VIDA, e que é preciso viver as coisas e não sei quê... ora eu concordo que se uma pessoa passar mal, vai entender melhor quem mal passa. Mas não acho que seja essa a única forma de ter um entendimento do mundo que nos rodeia. Eu não preciso de passar fome para entender que é algo horrível, e para ter solidariedade porque não tem que comer. Volto a dizer que se porventura tal me acontecesse, quem sabe entenderia melhor, mas por não me ter acontecido, não quer dizer, então, que eu não faça a mínima ideia. Caso contrário os únicos sábios seriam os que teriam já passado por tudo. Serão as coisas assim? Do mesmo modo, como já disse, serão as más experiências as únicas que dão créditos para a experiência de VIDA?

Depois do almoço fomos ao forte vermelho. Mais ou menos. Com um orçamento como o meu, foi esticado ter pago 3,2€ para entrar, mas não me cheguei a arrepender. A Graciete e a Sofia foram convidadas para uma fotografia com pessoal que passava umas 25 vezes, sem exagero. É curioso... eu até curto fotos com eles porque, para mim, são exóticos, e vestem-se de uma forma completamente diferente. Mas custa-me perceber que, para eles, é exactamente o mesmo. Porque estou tão habituado à imagem e estilo que vejo no espelho e ao meu redor, é estranho pensar que nessa figura reside o exotismo para outros povos.
               
Do forte vermelho fomos até a Connaught Place, onde nos encontraríamos com um couchsurfer. Ainda não era bem a altura, e por isso fomos a uma lojita de bebidas. Comprámos uma garrafa de vodka e alguns sumos e fomos p’ró jardim, com cuidadinho, porque beber na rua é ilegal e não sei se levam a sério essa lei ou não. Mas começou a chover e a mata teve de se mudar. Acabámos por nos enfiar numas escaditas que davam para um hostel e ficámos lá um par de horas no paleio a bebericar o vodka com aquele sumo foleiro. Já meio entrados fomos ter com o couchsurfer, que estava com outro couchsurfer, num bar lá da zona. Malta fixe. Ficámos lá p’rai duas horas e fomos para casa.
               
Nunca ninguém sabia onde era a casa do Gautam. Por isso tivemos de ligar mais uma vez e ele lá explicou ao meu amigo, que explicou ao condutor da rickshaw. Ainda assim, apesar de chegarmos à zona direitinho, andámos lá p’rai meia hora às voltas até encontrarmos a casa. E entretanto tinha começado a chover, e eu e o condutor estávamos bem molhadinhos. Já tínhamos combinado o preço (de 150) e depois o gajo pediu 250 porque tinha andado “very time”, como dizia, às voltas. As miudas estavam cheias de pena do rapaz. Demos-lhe 200.
               
No domingo mais um almoçareco. Desta feita apareceu um casal mais velho. Ele era polaco, jornalista na Índia e a sua mulher, com quem estava há mais de trinta anos, devia ser polaca também, mas falava pouco. O cota tinha viajado por terra da Polónia à Índia nos anos 70. De vez em quando tem de ir ao Paquistão mas não gosta da minha ideia, e acha aquilo um bocado p’ró perigoso. Era um casal simpático. O Gautam é tramado, aposto que ele soube que havia ali um jornalista (o único polaco na Índia, disseram-me) e deve ter arranjado um almoço para estabelecer os seus connects.
               
Depois do almoço fomos dar mais uma volta pela cidade. Eu não me estava a sentir maravilhosamente. Não tinha dormido muito bem e sentia-me um bocado cansado. Fomos à Índia Gate, cheia de turistas indianos sempre a tirar fotos com as miudas. Depois passámos pelo palácio presidencial. Enfim, andámos pela cidade um pedaço, até que parámos num restaurante de fast-food indiana. Bela merda. Como faço muitas vezes, pedi à sorte, e dessa vez tive azar. Por 0,75€ (Que é um bocado, entenda-se) calhou-me uma cenazita que parecia iogurte e enchia tanto quanto uma ervilha! Após isto fomos ao bar da noite anterior beber um copo. Lá encontrámos o Pushkar, rapaz dessa noite anterior. Ele relembrou-me que apostei com ele que o Ronaldo não saía do Real Madrid nos próximos cinco anos. A aposta foi dez euros, setenta rupios e um pistachio. Aposta à Pedro. Ele estava com outra malta porreira e ficámos lá uma horita e pico.
               
Entretanto apareceu o suposto abusador sexual. Passo a explicar: nessa manhã tinha visto, no grupo do couchsurfing de Delhi, que uma rapariga parecia estar em apuros. Mandou mensagem a uma mulher couchsurfer e ela postou no grupo. Dizia que era para ter surfado com uma rapariga, mas que ela no dia anterior tinha dito que não a podia albergar, e encaminhou-a para um primo. Esse primo foi buscar a chavala, e tudo porreiro na primeira noite. No dia seguinte o gajo parece que tentou safar-se, oferecendo-se para lhe dar uma massagem e tal, e quando ela se teve de trancar num quarto qualquer, ele dizia que ela tinha de sacrificar algo (o corpo, nesse caso) pela sua felicidade. Essa era a mensagem. O pessoal no grupo de Delhi entrou em pânico, de uma forma muito histérica e em exagero, a meu ver. É algo sério, claro que é, mas não achei apropriada a maneira como o pessoal reagiu. Tipo a dada altura a rapariga veio escrever no grupo que já estava bem mas o pessoal ainda assim estava a imaginar que ela podia estar a ser forçada a escrever aquilo, e que se ela não lhes ligasse eles iam ligar à embaixada e não sei quê. E depois outro méne a dizer que quando uma rapariga surfasse com um homem indiano deveria escrever no grupo os dados da pessoa, como se fosse um suposto predador sexual. Tudo muito exagerado, a meu ver. Houve uma rapariga que supostamente foi violada, em Leeds, Inglaterra. Tudo isto é muito mau, claro, mas são coisas que acontecem, não tornam o couchsurfing num antro de predadores sexuais. E para quem ficou cheio de medo com o que escrevi, há um sistema de referências para quem tem maiores hesitações.
               
Pois o suposto abusador lá se pôs a dizer que nada se tinha passado e não sei quê. Não sei se é verdade ou não. E o Gautam disse-me, mais tarde, que ele já tinha 6 referências negativas, e que achava que ele tinha um perfil falso de uma mulher para receber pedidos de outras mulheres, e depois encaminhar para esse “primo”, que era ele. Tudo muito má onda, má onda...

O Ajit depois deixou-nos a meio caminho entre o bar e a casa do Gautam, e apanhámos uma rickshaw para o nosso destino. Foi nessa altura que tive a conversa suprareferida com o Gautam. Além disto ele tinha uma opinião bastante negativa do pessoal com quem tínhamos estado, apesar de não os conhecer. Porque já tinha ido a um ou dois encontros de couchsurfers de Delhi e tinha visto as suas conversas que era só de sexo, e porque uma vez o suposto abusador sexual tinha tido um problema com o seu carro e nenhum dos amigos o ajudou. Não curti muito, porque eu curtia os gajos, e discordei com ele, claro.

Eu gostei de ter estado em casa do Gautam e o gajo é inteligente p’ra caramba, dá para ver. Somos muito diferentes, mas isso nem sempre significa que as pessoas não possam gostar umas das outras. Mas neste caso, apesar de não significar isso, não o via exactamente como um potencial grande amigo caso, por exemplo, eu vivesse em Delhi. Gosto do que tem para dizer em relação à economia mundial, porque são cenas completamente diferentes do que costumo ouvir, mas não gosto tanto da forma como ele não está assim tão interessado naquilo que tu tens para dizer.

Dormimos, acordámos e a Graciete ia embora. Fui com ela ao aeroporto, beijinho, good-bye. Foi demais tê-la tido aqui, especialmente após se ter aclimatizado. Não vou escrever mais sobre isso.

Tendo deixado a Graciete, fui a casa do meu primeiro anfitrião, o Harry, buscar o meu casaco e camisola, e depois fui ter com a Sofia. Não sabia bem como íamos para Varanasi ou Lucknow (que é a caminho da outra cidade). Tinha reservado dois bilhetes de comboio na net mas estavam em lista de espera e ainda estavam em décimo sétimo e décimo oitavo p’rai uma hora antes da partida. Fomos lá ao Tourist Office porque aparentemente há um determinado número de bilhetes que eles deixam para turistas estrangeiros. Nada feito. Foi por sorte que, a dada altura eu falei das reservas, e o gajo pediu para ver. Foi a outro site ver e afinal tínhamos conseguido. Seguimos para o comboio, cada uma na sua carruagem, e bota Lucknow. O meu cu estava quadrado! Incrível. Não sei como é que aqueles indianos aguentam. Aquele banco era duro como um penedo do inferno! Mas lá aguentei, e passado nove horas chegámos.

Agora estamos no hostel. Tirámos o dia para actualizar e tratar de cenas. Férias de férias. Mas a net agora não funciona, o que dificulta um bocado a cena... mas pronto, deu-me tempo para escrever!....

16h36-3ª-24-5-24
Lucknow, Índia

sábado, 21 de maio de 2011

Rishikesh


Último dia em Rishikesh, tranquilo. São nove da noite, estamos no terraço do Buddha Café à espera de pedir a comida. À minha direita as damas miram os seus menus, à minha frente dança o Ganges ao som dos cânticos vindos sabe Vishnu donde. Estão cerca de vinte e cinco graus, talvez um bocadinho mais, sinto-me cansado mas relaxado. Estou bem, estou fixe, com calma dentro de mim e daqueles dias que me assaltam e me dizem que podia fazer isto para sempre – andar sempre por aí, ora nas calmas, ora a cortiré, mas sempre bem, e sempre com um futuro tão longo quanto os sonhos de uma criança.
               
As miudas já se aclimatizaram. Os estômagos já não se queixam tanto (se bem que é certo que não se têm aventurado com comidas locais) e as temperaturas já não as esganam (se bem que escapámos para o fresco das montanhas). Éramos para ir mais para norte um bocado, mas ficava muito longe de Delhi, onde a Graciete tem de estar dia 23 de manhã. Depois éramos para ir para sul, mas esse “sul” também ficava mais longe de Delhi, e assim ficámos cá mais um dia e seguimos amanhã para a capital indiana, onde nos deixaremos ficar uns dias. Quem sabe cortiré, que também faz falta!

Pushkar foi muito fixe. Acho que na  noite de dia 14 vimos o Into The Wild, filme que eu tinha já visto em 2008, e que deu origem a uma conversa interessante. Para quem não viu este filme que conta a estória verídica do Chris, o gajo desaparece, e vai viajar. Assim. Por mais razões que ele possa ter tido, aquilo com que não concordo é que não tenha dito a ninguém onde estava, ou para onde ia. Isso é a liberdade total, é certo, mas é uma liberdade que vem com um custo injusto, que é o sofrimento do não-saber dos seus entes queridos. Acho que se ele lhes tivesse deixado uma nota a dizer “Vou partir, não quero ser encontrado, vou estar bem.”, algo assim, apesar da diferença ser mínima, já cabe melhor no meu entendimento. Mas quanto ao partir, em si, porquê criticar ou até recusarmo-nos a entender? Nós temos de seguir a nossa felicidade, porque tanto quanto sabemos só temos uma VIDA. Temos de perceber que as coisas boas, as coisas fixes, loucas, radicais, de sonho, não têm de ser apenas para os outros, mas que estão ao nosso alcance, mesmo na nossa mão. Tenho vindo a dizer, e acredito plenamente, que somos o nosso maior obstáculo. Quando nos atrevemos a pensar em algo um pouco fora do normal, somos os primeiros a pensar nas mil e uma razões pelas quais não devíamos fazer aqui. Se ainda assim não nos convencemos a nós próprios, basta pôr a ideia em hasta pública, numa amena cavaqueira com amigos, e chovem razões para não fazer isto, para ter cuidado com aquilo. E assim já ficamos mais descansados, convencidos de que, realmente, não havia nada a fazer.
               
É possível dizerem que quando o Chris partiu, não pensou na felicidade dos pais, ou da irmã. Mas eu acho que isso é uma falácia de todo o tamanho! Idealmente, nós deveríamos querer as pessoas de quem gostamos felizes. Já está. Querê-las perto é egoísmo. Os pais dele se calhar preferiam-no perto e conformado a uma sociedade que ele não aprovava, do que livre, a sorrir, e feliz. E que tipo de amor é este? Entendo, mas não aceito. Mas isto escapa com uma pinta terrível! E frustra-me que se aceite tão bem que pais manipulem os filhos a ficarem pertinho de si e se calhar a condená-los a uma VIDA que até pode ser boa, mas que não é a VIDA sonhada, tudo a troco de terem o coraçãozito mais descansado. As coisas não têm de ser sempre assim, mas acho que se falar desta forma, talvez por vezes exagerando um pouco, me faço entender melhor – ainda que antecipe a discordância no coração de cada pai, ou mãe, que lê isto.
               
No que diz respeito a relações amorosas é um caso diferente. E tenho consciência de que tudo isto é muito complicado, que estas conversas que implicam a nossa felicidade misturada com a dos outros é uma embrulhada total nem sempre fácil de resolver. Em relações amorosas tem que haver um equilíbrio que nem sempre é fácil de encontrar. Um equilíbrio entre a nossa felicidade e a da outra pessoa. Acho que por vezes entregamo-nos a fazer o que é suposto simplesmente porque é suposto e depois há um ressentimento pela outra pessoa que nem uma VIDA cura. Quando fazemos o que é suposto porque o queremos fazer, há uma naturalidade que não deixa mazelas. Quando parti, parti com a ideia de andar 8 meses. Mas rapidamente percebi que poderia andar por tempo indeterminado, até que o dinheiro se acabasse. Ainda podia andar três ou quatro anos, se gastasse como tenho vindo a gastar. Mas, a menos que alguma oportunidade espantosa apareça, quero voltar, para estar por Portugal, perto de quem quero estar perto.

Dia 16 de Maio deixámos o conforto e o relax de Pushkar. Mudámos de ideias duas ou trÊs vezes. Éramos para ir para Dharamsalam, mas depois ficava longe de Delhi para a Graciete, depois pensámos em ir para Udaipur e daí para as montanhas. Bem, no final, porque o gajo do hostel disse que era fixe, mandámo-nos para Rishikesh. A viagem não foi das melhores. O gajo do hostel tinha dito que podia comprar os bilhetes e eu disse “’tá tudo”. Mas como demorámos a decidirnos acabaram os sleepers e só havia bancos normais, e um bocadito mais caro. Disse “ok”, o gajo foi buscar os bilhetes, mas depois quando chegámos à estação percebemos que havia bué de opções, um bocadito mais barato e até com sleeper. Paciência, lesson learned.
               
Depois o pior foi o gajo atrás de nós que não queria que baixássemos o encosto. Paciência. Lá percorremos o caminho e passado umas quize horas estávamos em Haridwar. Daí apanhámos uma rickshaw para a estação de autocarros, esperar meia hora, apanhar um autocarro de uma hora, depois outra rickshaw e estávamos em Rishikesh! Eu estava fixe porque já me adaptei a estas andanças e sou capaz de bater uma sonequita todo torto ali no chão, mas a Graciete estava estafada e a Sofia praticamente morta. Almoçamos e fui procurar hosteis. Tudo no mesmo preço, mais ou menos. Andei p’rai uma hora e depois acabámos por ficar num que estava ali mesmo ao lado do restaurante. Se o méne tivesse aparecido mais cedo tinha-me poupado a esticada.
               
Dormimos umas horitas e depois fomos jantar. Rishikesh tem dua spartes Laxmanjula e Ramjula, sendo a primeira onde nós estávamos e a mais fixe, aparentemente. Não é tão sossegado quanto Pushkar mas há uma certa paz no ar que não se encontra nas cidades indianas. Bem, Rishikesh não é uma cidade... Tem o Ganges no meio, uma ponte a ligar os dois lados, de onde se pode ver a natureza a acomodar o pessoal e as suas habitações. Não fossem as lixeiras que aparecem de vez em quando, podia dizer-se que o homem se acomodou bem à natureza ali. Tenho que dizer que, na generalidade, o povo indiano não respeita a sua terra. Acho que em Portugal era assim há umas dezenas de anos... mete-me impressão a naturalidade com que mandam garrafas de plástico, embalagens ou seja o que for para o chão. Quando estava no hotel na descontra sentado numa cadeirita a ver o rio, de vez em quando voava uma garrafa das janelas para... fosse onde fosse que caísse, que interessa?
               
Nessa noite encontrámos um restaurante que servia comida ocidental, algo mais fácil de cair no estômago das miudas, e ficou o “nosso” restaurante, com uma vista porreira e um clima agradável.
               
O dia seguinte foi muito porreiro. Como todos os dias em Rishikesh, arrisco dizer. Almoçamos na boa, e depois fomos numa caminhada até uma cascata. Não sabíamos bem onde era, por isso fomos perguntando à medida que íamos avançando. Paravamos aqui e ali para descansar ou tirar umas fotos e passado p’rai três horas eu estava debaixo de uma corrente de água incrível, às seis da tarde, no meio de um mato, na Índia. Lindo. Quando voltámos jantámos no Holly Place. Incrível como, uma vez que o sol se põe, a actividade na vila pára. Há uns estabelcimentos aberto e tal, mas não tem nada a ver com o qeu se passa durante o dia. E depois das onze esquece, a vila morreu.
               
Na quarta passámos a tarde na praia fluvial e durante a noite explorámos um bocado do outro lado do rio, com mais actividade, mais pessoal e restaurantes porreiros. Sexta-feira fomos ver a outra cascata, que acabou por ser mais fixe que a primeira. A Sofia estava um bocado cansada e ficou pela vila, e eu a Graciete lá fomos. Apanhámos uma boleia para não ter de trepar a estrada que nos levaria até à estrada principal, e daí caminhámos quase uma hora. Pagámos 25 rupios à associação florestal e metemo-nos floresta adentro. Muito fixe. Dava para ver que os indianos tentaram tornar aquilo num sítio agradável e todo pax pix, mas deve ter havido um terramoto ou um deslizamento de terras e aquilo estava tudo em pantanas, o que para mim até fazia com que ficasse mais fixe. lembro-me agora duma triste qualquer que, após o tsunami no sudeste asiático disse que até era bom porque ia ver as coisas mais ao natural e não sei quê... não é na mesma onda que falo. Parecia um sítio abandonado, entregue à natureza que se sentiu livre de fazer o seu trabalho. Então apareciam bancos no meio de um caminho à frente de uma árvore, cadeirinhas e parasois de cimento rodeados de troncos cortados e pedras, uma selvajaria porreira.
               
Gostei muito de lá ter estado. Ficámos uma horita na boa, na descontra, comuma vista espetacular. Quando te baixavas e vias o horizonde ao nível da água, parecia que a seguir ao laguito onde nadavas havia uma escarpa de um quilómetro. Muito fixe. Passámos a noite no restaurante onde comecei a escrever este texto.
               
Agora estou em Delhi. Apanhámos ontem um autocarro meio podre e passado 8 ou 9 horas cá estávamos. Somos sempre os únicos estranjeiros nos autocarros. Que se lixe o ar condicionado. É mais barato assim e vamos com os verdadeiros indianos, sem frescuras de “ai ‘tá calor e não sei quê”.
               
Tínhamos mandado uns quinze pedidos no couchsurfing e houve um gajo que mandou mensagem à Graciete. Não foi fácil fácil encontrar a sua casa... um méne ofereceu-se para nos ajudar, ligo ao cozinheiro do anfitrião (como o próprio tinha sugerido), lá nos disse para apanharmos este e aquele metro, e quando chegámos a Nehru Place foi preciso outro méne ligar. Depois apanhámos um taxi um bocado caro e chegámos. Bem, um gajo a modos que ficou impressionado com o sítio. É uma zona daquelas cheias de seguranças e mais tarde fiquei a saber que é aqui que vivem os consuls, embaixadores, essas tretas todas.
               
O Gautan não estava aqui por isso fomos recebidos pelo seu cozinheiro. O gajo chegou, já tínhamos tomado banho e metemo-nos à conversa na sala. Tem 47 anos e é rico que tolhe. Esta casa vale cinco milhões de dolares, disse-nos. Parece um gajo fixe, com algumas ideias das quais discordo. Como no que diz respeito à colonização, por exemplo, ele defendia os colonizadores. Que eram outros tempos e não sei quê. Não me lixem, humanidade é humanidade, certo é certo e errado é errado. Matar e impor é errado, respeitar é certo. E isto é tão certo, e tão errado, hoje em dia, como era na altura, por isso não me venham com “não podemos julgar com os olhos de hoje os erros do passado”. O mesmo em relação a África. Falou muito de economia e às vezes sentia que discordava mas tinha de me calar porque era uma sensação de que algo ali não fazia sentido, não tinha os argumentos para provar que estava errado. Errado para mim, claro. Às vezes é assim... um gajo está a falar de cenas que não domina tão bem, e sabe que há ali algo a apontar, mas não sabe como...
               
Entretanto apareceu uma polaca. Ia escrever “mulher polaca”, mas soa-me mal. Que estranho. Conheceram-se através do couchsurfing e deu-me a enteder que se passa algo entre eles. Ela trabalha para a Carlsberg mas está ligada a ONGs aqui também. Uma deles tem como objectivo criar pensos higiénicos sem impacto ambiental e baratos para que as mulheres nas zonas rurais possam usar, em vez de usar lá as cenas tradicionais que as deixam cheias de infecções.
               
Hoje é Sábado, gostava de cortiré!

11h30-s-21-5-11
New Delhi, India